Tu Bishvat

05/02/2015 23:01

        Tu Bishvat, o 15 de Shevat no calendário hebreu, é o dia que assinala o início de um "Ano Novo das Árvores." Essa é a estação na qual os primeiros brotos das árvores na Terra Santa emergem de seu sono invernal, e começam um novo ciclo de produção frutífera.


        Legalmente, o "Ano Novo das Árvores" está relacionado aos vários dízimos que devem ser separados da produção cultivada na Terra Santa. Estes dízimos diferem de ano para ano no ciclo Shemitá de sete anos; o ponto no qual o rebento de fruta é considerado como pertencendo ao próximo ano do ciclo é 15 de Shevat.

        Celebramos o dia de Tu Bishvat comendo frutas, especialmente "Os Sete Tipos" que são destacados na Torá em seu louvor à fartura da Terra Santa: trigo, cevada, uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras. Neste dia, lembramos que o "Homem é uma árvore do campo" (Devarim 20:19), e refletimos sobre as lições que podemos extrair de nossa análoga botânica.

 

Ano Novo das

 

 Árvores.

 


    Este dia possui um significado especial, pois o ser humano é comparado à árvore, conforme escrito na Torá: "Pois o homem é como uma árvore no campo" (Devarim 20:19), e refletimos sobre as lições que podemos extrair de nossa análoga botânica.

    Uma árvore brota a partir de uma semente; cresce, atinge a maturidade, dá frutos, e de suas sementes outras árvores crescem, frutificam-se, etc. Assim também é o ciclo da vida humana.

    O embrião se desenvolve, nasce, cresce e amadurece e, com o passar dos anos, o ser humano se reproduz. Os frutos das pessoas comprometida com a Toráh são instrução da integridade da justiça moral de um único Deus e estilo de vida monoteísta. Assim como árvores brotam a partir de uma semente, também deve-se assegurar que mais pessoas cresçam espiritualmente, gerando seus próprios frutos. Uma pessoa monoteísta, não pode se contentar apenas com sua colheita espiritual e sim, deve aproximar outros de sua herança.

    Uma árvore é parte do reino vegetal. Plantas, ao contrário dos animais, morrem se forem desenraizadas do solo; sobrevivem apenas quando continuam recebendo nutrientes da fonte. Uma pessoa comprometida com a Torah, também, subsiste e cresce espiritualmente apenas quando ligado a sua fonte: Toráh e estilo de vida monoteísta . Não é suficiente estudar Torá ou cumprir estilo de vida monoteísta, uma só vez; é preciso receber constantemente alimento da fonte. E da vida.

 

Amadurecer

    Um dos tratados da Mishná é chamado de Rosh Hashaná. A primeira Mishná desta seção nos relata sobre os quatro “Anos Novos”. Dois deles são bem conhecidos: Rosh Hashaná no primeiro e segundo dias de Tishrei, e Rosh Hashaná das Árvores, em 15 de Shevat.

    Está escrito na Torá: “Pois [é] o homem como uma árvore do campo” (Devarim 20:19). Nossos Sábios nos dizem que os homens são de fato semelhantes às árvores em muitos aspectos, e que há numerosas lições que os homens podem aprender com as árvores. 

    Uma das coisas que aprendemos é que elas sempre crescem; enquanto estiverem vivas, crescerão. Até no inverno, quando as árvores parecem adormecidas, suas raízes estão ocupadas debaixo da terra, muito antes de surgirem as novas folhas e novos brotos; aquilo que parece uma interrupção no processo de crescimento é apenas uma pausa para reunir novas forças para crescer mais, produzir novos frutos a cada ano. É por isso que o mundo das plantas e vegetais é chamado em hebraico de “crescimento”.

    Se uma árvore está em constante crescimento, certamente um ser humano deveria fazer o mesmo. Uma árvore pode crescer apenas fisicamente, nas raízes, tronco, galhos, folhas e frutos. Uma criança cresce tanto física quanto mentalmente. À medida que cresce fisicamente, ficando maior e mais forte, sua mente se desenvolve, seu caráter se aprimora, adquire mais conhecimento e sua conduta diária melhora. A uma certa altura o homem pára de crescer fisicamente, porém seu desenvolvimento mental e espiritual continua. Seja jovem ou idoso, não é em centímetros que o ser humano é medido, mas sim no seu progresso em aprender e utilizar este conhecimento na vida e no comportamento do dia-a-dia.

    Para nós, monoteísta Yachid a verdadeira medida é aquela do progresso em Torá e mitsvot – estas são nossas raízes e frutos. É nesses aspectos que devemos crescer constantemente. Não importa quão “crescidos” nos consideremos em assuntos de Torá e mitsvot, devemos crescer pelo menos um pouco mais amanhã, e o dia depois de amanhã será ainda melhor. Sempre há espaço para melhorar, e a hora é sempre propícia para amadurecer.

 

    Além de ser o manual de vida e moralidade, a Toráh poderia ser chamada também de vigilante do "sistema planetário ". Isso porque o Planeta Terra consiste dos reinos Animal, Vegetal e Mineral (com o Homem acima de todos os três), e a Torá nos instrui a como ser sensível a todas as coisas que nos rodeiam, incluindo as árvores. 

 

As Árvores e a 

 

Toráh


O Fruto Proibido
    A mitsvá negativa nº 92 nos diz para não comer os frutos de uma árvore durante os três primeiros anos de sua existência. Os frutos numa árvore com menos de três anos são chamados de Orlá. É assim que nos relacionamos com a parte em nós que é similar a uma árvore – assim como uma árvore jovem precisa de um mínimo de tempo e espaço para espalhar seus ramos, aprofundar as raízes e tornar-se produtiva, assim também nossa juventude necessita de uma zona protegida na qual possa florescer antes de interagir com o mundo ao seu redor. Colher os frutos de uma planta nova não apenas esgota seus poderes criativos, como também prejudica permanentemente sua recuperação. O mesmo ocorre com nossas crianças.

A Guerra das Árvores
Agora entraremos num assunto controverso: os lenhadores são perversos? 


    Mais uma vez, recorremos à Torá para nos guiar. Entre o corte de árvores liberado e nenhuma árvore, ou nenhum corte e todas as árvores, a Torá posiciona-se no centro: podemos abater árvores, mas com responsabilidade e sem destruição. Isso significa pegar somente aquilo que precisamos para a civilização, e substituir tudo que tiramos por intermédio do reflorestamento. Isso é mencionado na mitsvá negativa nº 57, que diz para não abater qualquer árvore com frutos ao sitiar uma cidade, pois elas fornecem alimento para os cidadãos e os soldados. Em outras palavras, quando as árvores são necessárias diretamente para o benefício humano, não podem ser destruídas. (quando a madeira é necessária para o benefício humano, com critério, podem ser utilizadas).

    Por fim, o tema do abate de árvores se resume a dois pontos: desperdício… e emoções humanas. O Talmud, a Halachá judaica e monoteísta, Tradição Judaica e o estilo de vida Monoteísta se alongam bastante sobre o conceito do desperdício. Baseado na mitsvá acima, a Halachá proíbe que se destrua qualquer coisa sem motivo – não se pode jogar comida fora ou brincar com ela, destruir roupas usadas que ainda possam servir ou objetos úteis ainda em funcionamento, e nem gastar dinheiro à toa, ou derrubar árvores sem qualquer motivo.


Torá nos instrui a ser sensível a todas as coisas que nos rodeiam, incluindo as árvores.

    No entanto, as emoções humanas são uma parte significativa desse debate (se não todo o alicerce do debate) – é bom defender florestas virgens, manter a natureza intocada como o Éden, condenar as empresas como cruéis e capitalistas, e sonhar com um mundo todo reciclado, sem desperdício. Mas após alguma reflexão, devemos nos perguntar: isso é possível? 

Teríamos cidades repletas de tecnologia se o Homem não tivesse explorado e se firmado diante da natureza? E você sabia que para cada árvore que é cortada pelas "perversas" empresas, outra é plantada em seu lugar? É difícil fazer o que é bom, e não aquilo que agrada, e muitos ambientalistas simplesmente deixaram que seus sentimentos os levassem longe demais. A Torá afirma que não devemos desperdiçar, nem ser destrutivos. Há um ponto de equilíbrio que deve ser alcançado pelo homem.

Enxerto de Árvores
A mitsvá negativa nº 216 expande nosso relacionamento com as árvores. Esta proíbe enxertar árvores, plantando juntas as sementes de duas espécies diferentes, ou colocando suas raízes uma por cima da outra para que se fundam e produzam um híbrido, um terceiro tipo de árvore.

 

As Sete Espécies

 

"Pois o Senhor teu D’us está te levando a uma boa terra: … Uma terra de trigo, cevada, uvas, figos e romãs: uma terra de oliveiras que emana azeite e [tâmara] mel." (Devarim 8:8)

Nossos sábios nos contam que, originalmente, todas as árvores tinham frutos, como também será o caso na Era de Mashiach. Uma árvore sem frutos é sintoma de um mundo imperfeito, pois a principal função de uma árvore é produzir frutos.

Se "o homem é uma árvore do campo" e o fruto é a maior realização da árvore, há sete frutos que coroam a colheita humana e botânica. Estes são os sete frutos e grãos destacados pela Torá como exemplares da fertilidade da Terra Santa: trigo, cevada, uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras.

O 15º dia do mês hebraico de Shevat é o dia designado pelo calendário judaico como o "Ano Novo das Árvores." Neste dia, celebramos as árvores do mundo de D’us, e a árvore dentro de nós, partilhando destes sete "frutos," que exemplificam os vários componentes e modos de vida humana. 

Comida e forragem

Os mestres cabalistas nos dizem que cada um de nós tem não uma, mas duas almas: uma "alma animalesca," que incorpora nossos instintos naturais, egoístas: e uma "alma Divina" incorporando nossos desejos transcendentais – nosso desejo de escapar do "Eu" e relacionar-se com aquilo que é maior que nós mesmos.

Como o nome sugere, a alma animalesca constitui aquela parte de nós mesmos que é comum a todas as criaturas vivas: o instinto de autoconservação e perpetuação da própria espécie. Porém o homem é mais que um animal sofisticado. Existem qualidades que são exclusivamente nossas, como seres humanos – as qualidades que derivam de nossa "alma Divina." O ponto no qual nós nos graduamos além do "eu" e suas necessidades ("Como faço para sobreviver?" "Como obter alimento, abrigo, dinheiro, poder, conhecimento, satisfação?") a uma perspectiva supra-"eu"("Por que estou aqui?" "Qual é meu objetivo?") é o ponto no qual deixamos de ser apenas outro animal no mundo de D’us, e começamos a perceber nossa singularidade como seres humanos.

Isso não é dizer que o "eu" animal deve ser rejeitado em favor do "eu humano-Divino. Estas são nossas duas almas, ambas indispensáveis a uma vida de realização e propósito. Mesmo quando estimulamos o Divino dentro de nós para nos elevar acima do meramente animal, devemos também desenvolver e refinar nosso "eu" animal, aprendendo a cultivar os aspectos construtivos do próprio "eu": (ex. autoconfiança, coragem, perseverança) enquanto eliminamos o egoísta e o profano.

Na Torá, o trigo é considerado o esteio da dieta humana, ao passo que a cevada é mencionada como um alimento tipicamente animal (cf. Tehilim 104:5 e I Melachim, 5:8. Veja também o Talmud, Sotah 14a). Assim, o "trigo" representa o esforço para nutrir o que há de distintamente humano em nós, alimentar as Divinas aspirações que são a essência de nossa humanidade. A "cevada" representa o esforço para nutrir e desenvolver nossa alma animalesca – uma tarefa não menos crucial para nossa missão na vida que o cultivo de nossa alma Divina.

Empolgação

Trigo e cevada, os dois grãos dentre as Sete Espécies, representam a "matéria-prima" de nossa composição interior. Depois destes vêm os cinco frutos – "aperitivos" e "sobremesas" em nosso cardápio espiritual – que adiciona sabor e estímulo ao nosso esforço básico de desenvolver nossas almas, a animalesca e a Divina.

O primeiro desses é a uva, cuja característica principal é a alegria. Como a videira descreve seu produto na Parábola de Yotam (Shofetim 9:13), "… meu vinho, que faz felizes D’us e os homens."
A alegria é revelação. Uma pessoa influenciada pelo júbilo tem os mesmos traços básicos que possui em um estado não-jubiloso – o mesmo conhecimento e inteligência, os mesmos amores, ódios e desejos. Mas em um estado de felicidade, tudo é mais pronunciado: a mente é mais arguta, o amor mais profundo, os ódios mais vívidos, os desejos mais agressivos. As emoções que normalmente mostram apenas uma pálida imagem de sua verdadeira extensão, agora tornam-se mais ostensivas. Nas palavras do Talmud, "Quando entra o vinho, o oculto se revela."

Uma vida sem alegria poderia estar completa de todas as maneiras, porém é uma vida superficial; tudo está ali, mas apenas a superfície nua é mostrada. Tanto a alma animalesca quanto a Divina contêm vastos reservatórios de percepção e sentimento que jamais vêem a luz do dia porque não há nada para estimulá-los. A "uva" representa o elemento de júbilo em nossa vida – a alegria que desencadeia estes potenciais e adiciona profundidade, cor e intensidade a tudo que fazemos.

Envolvimento

Podemos estar fazendo algo total e completamente; podemos mesmo estar fazendo isso alegremente. Mas estamos ali? Estamos envolvidos?

Envolvimento significa mais que fazer alguma coisa certa, mais que dar tudo de nós. Significa que nos importamos, que estamos investidos na tarefa. Significa que somos afetados por aquilo que fazemos, para o melhor e para o pior.

O figo, a quarta das "Sete Espécies," é também o fruto da "Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal" – o fruto que Adão e Eva provaram, cometendo assim o primeiro pecado da história. Como explica o ensinamento chassídico, "conhecimento" (daat) implica um envolvimento íntimo com a coisa conhecida (como no versículo "E Adão conheceu sua mulher"). O pecado de Adão derivou de sua recusa em reconciliar-se com a noção de que há certas coisas das quais ele deveria se distanciar; ele desejava conhecer intimamente cada canto do mundo de D’us, tornar-se envolvido com cada uma das criações de D’us. Mesmo o mal, mesmo aquilo que D’us tinha declarado fora do alcance dele.

O figo de Adão foi uma das forças mais destrutivas da história. Em seu igualmente poderoso disfarce construtivo, o figo representa nossa capacidade para um envolvimento profundo e íntimo em nosso próprio esforço positivo – um envolvimento que significa que somos um com aquilo que estamos fazendo.

Ação

"Seus lábios são como um fio de escarlate" exaltou Salomão em sua celebração do amor entre o Noivo Divino e Sua noiva Israel: "Sua boca é graciosa: sua têmpora é como um pedaço de romã em seus cachos" (Shir HaShirim, Cântico dos Cantos 4:3). Conforme interpretada pelo Talmud, a alegoria da romã expressa a verdade que: "Mesmo os vazios dentre vocês estão repletos de boas ações, como uma romã [está repleta de sementes]."

A romã é não somente um modelo para algo que contém muitos detalhes. Fala também do paradoxo de como um indivíduo pode ser "vazio" e, ao mesmo tempo, estar "repleto de boas ações como uma romã."

A romã é uma fruta altamente dividida em compartimentos: cada uma de suas centenas de sementes está envolvida em seu próprio saco de polpa, e separada de suas iguais por um membrana rija. Da mesma maneira, é possível para uma pessoa fazer boas ações : muitas boas ações – mesmo assim elas permanecem como atos isolados, com pouco ou nenhum efeito sobre sua natureza e caráter. Ela pode possuir muitas virtudes, mas elas não se tornam ela; ela pode estar repleto de boas ações, mesmo assim permanece moral e espiritualmente superficial.

Se o figo representa nossa capacidade para envolvimento total e identificação com aquilo que estamos fazendo, a romã é a antítese do figo, representando nossa capacidade de superar a nós mesmos e agir de maneira a ultrapassar nosso estado espiritual interno. É nossa capacidade de fazer e conseguir coisas que são totalmente incompatíveis com quem e o quê somos no momento atual.

A romã é a "hipocrisia" em sua forma mais nobre: a recusa de se reconciliar com a estação moral e espiritual de alguém, conforme definido pelo estado atual do caráter da pessoa; a insistência em agir melhor e mais Divinamente que aquilo que somos.


Luta

Para a maioria de nós, "vida" é sinônimo de "luta." Lutamos para forjar uma identidade sob a sombra pesada da influência de nossos pais e amigos; lutamos para encontrar um parceiro para a vida, e depois lutamos para preservar nosso casamento; lutamos para criar nossos filhos, e depois lutamos em nosso relacionamento com eles quando adultos; lutamos para ganhar o sustento, e depois lutamos com nossa culpa pela boa sorte que tivemos; e subjacente a isso tudo, está o eterno conflito entre nosso "eu" animalesco e Divino, entre os instintos egoístas e nossas aspirações para transcender o "eu" e tocar o Divino.

A "oliveira" em nós é aquela parte que se esforça na luta, que se revela, que não escaparia mais dela que da própria vida. "Bem como uma azeitona," dizem nossos sábios, "que fornece seu azeite quando prensada," assim, também, nós cedemos o que há de melhor dentro de nós quando pressionados pelos moinhos da vida e as forças opostas de um "eu" dividido.

Perfeição

Como o "figo" é contrabalançado pela "romã," assim também a "azeitona" em nós contrasta com nosso sétimo fruto, a tâmara, que representa nossa capacidade para a paz, a tranqüilidade e a perfeição. Embora seja verdade que somos melhores quando pressionados, é igualmente verdade que há potenciais em nossa alma que brotam apenas quando estamos completamente em paz conosco – somente quando conseguimos um equilíbrio e harmonia entre os diversos componentes de nossa alma.

Assim canta o Salmista: "O tsadic (pessoa completamente justa) vicejará como a tamareira (Salmos 92:13). O Zohar explica que há uma determinada espécie de tamareira que demora setenta anos para frutificar. O caráter humano é composto de sete atributos básicos, cada um consistindo de dez sub-categorias; assim, o florescer do tsadic "após 70 anos" é o fruto da absoluta tranqüilidade – o produto de uma alma cujos aspectos e nuances de caráter foram refinados e harmonizados consigo mesmo, com o próximo e com D’us.

Embora a azeitona e a tâmara descrevam duas personalidades espirituais muito diferentes, ambas existem dentro de cada homem. Pois mesmo em meio a nossas lutas mais ardentes, sempre podemos encontrar conforto e fortaleza na tranqüila perfeição que habita o íntimo de nossa alma. E mesmo em nossos momentos mais tranqüilos, sempre podemos encontrar o desafio que nos levará a realizações ainda maiores.

TU BISHVAT
Ano Novo das Árvores
Comemora-se: 15 de Shevat 
Duração: 1 dia 
Proibições: Nenhuma, dia normal.


COSTUMES

Tu Bishvat é celebrado comendo-se várias espécies de frutas, algumas da nova estação. Especificamente é costume comer dos frutos pelos quais a Terra de Israel é enaltecida. São mencionadas sete espécies (duas de grãos e cinco de frutas) conforme o versículo da Torá: "Uma terra de trigo e cevada, uva, figo e romã; uma terra de azeitona e mel (de tâmaras)."

Este dia possui um significado especial, pois o ser humano é comparado à árvore, conforme escrito na Torá: "Pois o homem é como uma árvore no campo." 

Uma árvore brota a partir de uma semente; cresce, atinge a maturidade, dá frutos, e de suas sementes outras árvores crescem, frutificam-se, etc. Assim também é o ciclo da vida humana.

O embrião se desenvolve, nasce, cresce e amadurece e, com o passar dos anos, o ser humano se reproduz. Os frutos de uma pessoa compromissada com a torah são  pessoas comprometida com a Toráh são instrução da integridade da justiça moral de um único Deus e estilo de vida monoteísta. Assim como árvores brotam a partir de uma semente, também deve-se assegurar que mais pessoas cresçam espiritualmente, gerando seus próprios frutos. Um pessoa não pode se contentar apenas com sua colheita espiritual e sim, deve aproximar outros de sua herança. 

Uma árvore é parte do reino vegetal. Plantas, ao contrário dos animais, morrem se forem desenraizadas do solo; sobrevivem apenas quando continuam recebendo nutrientes da fonte. Um judeu, também, subsiste e cresce espiritualmente apenas quando ligado a sua fonte: Torá e judaísmo. Não é suficiente estudar Torá ou cumprir mitsvot uma só vez; é preciso receber constantemente alimento da fonte. E da vida.

 

    Antigamente, o povo hebreu na Terra Santa comemorava o décimo quinto dia do mês hebraico de Shevat como o marco do início da nova estação dos frutos em Israel. Esta época do ano marca o ponto médio do inverno quando a força do frio diminui, a maioria das chuvas do ano já caiu e a seiva das árvores começa a subir. Como resultado, os frutos começam a se formar. Esta data até hoje é comemorada como o aniversário das árvores em Israel.

Da mesma forma como D'us faz com os seres humanos, no primeiro dia de Tishrei, Rosh Hashaná, D'us no dia 15 de Shevat determina qual a quantidade de frutos e folhas que cada árvore produzirá durante o ano; se crescerá satisfatoriamente, florescendo ou secará até morrer. Isto demonstra que o Criador do Universo e de todas as espécies, inclusive plantas e árvores, cuida de cada uma de Suas criaturas, determinando seu destino.

As frutas crescidas antes desta data eram consideradas frutas "velhas", e as que eram colhidas a partir desta data, eram recebidas como "novas". Esta distinção era essencial no tocante aos mandamentos da Torá de separar a terumá e o maasser - a separação dos frutos destinados aos cohanim e leviyim.

A tribo de Levi não possuía campos ou pomares. Seus membros dedicavam-se integralmente ao serviço Divino no Templo Sagrado e ao ensinamento do conhecimento de D'us ao povo. Por este motivo, a Torá ordena que uma certa parte da colheita deva ser outorgada a eles.

Atualmente o Rosh Hashaná La'ilanot, Ano Novo das Árvores, é comemorado através da recitação de bênçãos antes e após a degustação de frutos novos da estação, especialmente as espécies de frutas da Terra de Israel: azeitona, tâmara, uva, figo e romã e outras novas para que se possa recitar a bênção adicional, Shehecheyánu. Ao provar dos novos frutos e recitar as bênçãos reconhecemos D'us como o Criador do mundo, da natureza e de tudo nela contido.

Uma analogia entre a árvore e o ser humano pode ser feita. Assim como a árvore está em constante crescimento, também nós devemos crescer; do mesmo modo como produz seus frutos, também devemos produzi-los. Em Tu Bishvat devemos renovar o crescimento pessoal, assim como as árvores começam a retirar a umidade e nutrientes da terra.

A raiz simboliza a conexão com a fonte, nossa fé; o tronco representa a parte principal que sustenta e representa o estudo da Torá e o cumprimento das mitsvot e o fruto está ligado com o resultado: a meta atingida, nossa influência positiva e contínua na preservação de nossos valores. Devemos constantemente lembrar que acima da natureza encontra-se D'us "regando" seus filhos através do legado do estudo e prática da Torá, os verdadeiros recipientes de bênçãos para que possam crescer continuamente em todas as estações

 

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O Seder Tu Bishvat 

 

 

    Há diversas formas de comemorar este dia tão especial em nosso calendário. Refletir sobre a imensidão dos milagres encontrados na natureza, já é um forte motivo para celebrar a data de Tu Bishvat.

Preservar a natureza, plantar árvores, transmitir amor e cuidados com as plantas, também é positivo. Mas comemoramos o aniversário das árvores agradecendo ao Criador pelas bênçãos que nos envia nos fornecendo sustento e abençoando todas Suas criaturas através da ingestão de novos frutos, conforme o costume askenazita, ou conforme os sefaraditas. Estes seguem a comemoração cabalística originária da cidade de Tsefat, que toma a forma de um sêder, similar ao de Pêssach, onde cerca de 12 frutas seguem uma determinada ordem de degustação, acompanhadas por leituras específicas.

 

As doze frutas

Trigo

É a base de sustento, mas necessita de muito trabalho para crescer, ser colhido e processado (a cevada, embora não esteja incluída neste sêder, é uma das sete espécies pelas quais Israel é enaltecida. Usada com frequência para alimentar animais, sua designação para o ômer inspira nossos esforços na subjugação de nosso instinto animal).

Azeitona

Fornece o melhor óleo quando o fruto é esmagado. O azeite flutua sobre outros líquidos.

Tâmara

É frequentemente uma metáfora para a retidão, pois a tamareira é alta, frutífera e impenetrável a mudança de ventos, assim como devemos ser.

Uva

Possui a capacidade de transformar-se em diferentes tipos de alimentos (passas) e bebidas (vinho), da mesma forma como cada um possui o potencial de êxito em algum aspecto da Torá e no cumprimento de seus preceitos e pode ser especial a sua maneira.

Figo

Deve ser colhido assim que amadurece, pois logo estraga. Analogamente, devemos ser rápidos nas mitsvot (preceitos) à mão antes que a oportunidade seja perdida.

Romã

Assim como as mitsvot, a romã possui 613 sementes (se você tiver paciência de contar!) lembrando que "mesmo a pessoa que possui falhas, está repleta de méritos, assim como uma romã é repleta de sementes."

 

Etrog

É considerado extremamente belo e é fundamental na festa de Sucot. A cidra permanece na árvore durante todo o ano, beneficiando-se de todas as estações, ensinando que devemos ser autênticos o ano todo.

 

Maçã

Ela leva 50 dias para amadurecer, do mesmo modo que uma pessoa compromissada com a Torah levam 50 dias para amadurecerem entre a saída do Egito em Pêssach e Shavuot, preparando-se para o recebimento da Torá. Assim como a macieira produz frutos antes das folhas, assim devemos cumprir mitsvot sem o pré-requisito da compreensão, conforme afirmamos na outorga da Torá: "Nassê venishmá", "Faremos [e depois] entenderemos."

 

Noz

A noz divide-se em quatro, correspondendo às letras do Tetragrama e às quatro "rodas da Carruagem Divina". Como possuem duas cascas que devem ser removidas, uma dura e outra mole, assim também devemos sofrer a circuncisão física e espiritual.

 

Amêndoa

Significa entusiasmo em servir a D'us, pois a amendoeira é sempre a primeira a florescer. É por isto que o cajado de Aharon fez brotar especificamente amêndoas.

Alfarroba

Demora mais para crescer que qualquer outra fruta. Lembra-nos da necessidade de investir muitos anos no estudo da Torá para obter um entendimento claro e valioso.

 

Pêra

Pêras de diferentes cepas ainda mantêm muita afinidade, nos ensinando a importância de nos mantermos coesos promovendo a união de nosso povo.

 

 

Árvore Humana

Pois o homem é uma árvore dos campos. (Devarim 20:19)

"O homem é uma árvore dos campos," e o calendário judaico reserva um dia a cada ano - "O Ano Novo das Árvores" a 15 de Shevat - para que nós contemplemos nossa afinidade com nosso irmão botânico e aquilo que ele nos pode ensinar sobre nossa vida.

Os componentes principais da árvore são: as raízes, que ancoram-na ao solo e a abastecem com água e outros nutrientes; o troncogalhos e folhas que formam seu corpo; e o fruto, que contém as sementes com as quais a árvore se reproduz.

A vida espiritual do homem também inclui raízes, um corpo, e frutos. As raízes representam a fé, nossa fonte de sustento e perseverança. O tronco, ramos e folhas são o "corpo" de nossa vida espiritual - nossas conquistas intelectuais, emocionais e práticas. O fruto é nosso poder de procriação espiritual - o poder de influenciar os outros, de plantar uma semente em um ser humano, nosso próximo, e vê-la brotar, crescer e dar frutos.

Raízes e corpo

As raízes são a parte menos "glamourosa" da árvore, e a mais vital. Enterrada sob o solo, praticamente invisível, não possuem a majestade do corpo da árvore, o colorido de suas folhas nem o sabor de seus frutos. Mas sem as raízes, uma árvore não pode sobreviver.

Além disso, as raízes devem se equiparar ao corpo; se o tronco e folhas de uma árvore crescem e se espalham sem um desenvolvimento proporcional em suas raízes, a árvore desabará sob seu próprio peso. Por outro lado, uma profusão de raízes proporciona uma árvore mais saudável e mais forte, mesmo se tiver um tronco esquálido e poucos ramos, folhas e frutos. E se as raízes são fortes, a árvore se regenerará mesmo quando seu corpo for danificado ou tiver os galhos cortados.

A fé é a menos glamourosa de nossas faculdades espirituais. Caracterizada por uma "simples" convicção e comprometimento com a Fonte da pessoa, carece da sofisticação do intelecto, das cores vívidas das emoções, ou do senso de satisfação que provém da realização. E a fé está enterrada no subsolo, sua verdadeira extensão oculta das outras pessoas, e até de nós mesmos.

Mesmo assim nossa fé, nosso comprometimento supra-racional a D'us, é o alicerce de toda nossa "árvore". Dela brota o tronco de nosso entendimento, do qual brota o ramo de nossos sentimentos, motivações e atos. E embora o corpo da árvore também forneça parte de sua nutrição espiritual, a parte principal de nosso sustento espiritual provém de suas raízes, de nossa fé e comprometimento com nosso Criador.

Uma alma pode desenvolver um tronco majestoso, ramos numerosos que se espalhem para todos os lados, lindas folhas e frutos capitosos. Porém esses devem ser igualados, na verdade suplantados, por suas "raízes." Sobre a superfície, pode haver muita sabedoria, profundidade de sentimentos, experiência abundante, copiosas realizações e muitos discípulos; mas se estes não estiverem seguros e vitalizados por uma fé e engajamento ainda maiores, será uma árvore sem raízes, fadada a desabar sob seu próprio peso.

Por outro lado, uma vida pode ser abençoada com um conhecimento escasso, parcos sentimentos e experiência, poucas realizações e "frutos" escassos. Mas se suas "raízes" são extensas e profundas, será uma árvore saudável: uma árvore que possua realmente aquilo que tem; uma árvore com a capacidade de se recobrar dos golpes da vida; uma árvore com o potencial de crescer e se desenvolver até tornar-se uma árvore mais elevada, mais bela e ainda mais frutífera.

Fruto e semente

A árvore deseja se reproduzir, espalhar suas sementes o mais longe possível, para que enraízem em locais distantes e diversos. Mas o alcance da árvore é limitado à extensão de seus ramos. Deve portanto, buscar outros "mensageiros" com mais mobilidade para transportar suas sementes.

Por isso a árvore produz os frutos, nos quais as sementes estão envoltas em polpas e sucos saborosos, coloridos e fragrantes. As sementes por si mesmas não despertariam o interesse dos animais e do homem; porém com seu envoltório atraente, não há falta de "fregueses" que, após consumirem o fruto externo, depositam a semente naqueles locais distantes e variados onde a árvore deseja plantar suas sementes.

Quando nos comunicamos com outras pessoas, usamos diversos meios para tornar nossa mensagem atraente. Nós a reforçamos com sofisticação intelectual, impregnamos com molho emocional, vestimos com palavras e imagens coloridas. Mas deveríamos ter em mente que isso é apenas o envoltório - o "fruto" que contém a semente. A própria semente não tem sabor - o único modo pelo qual podemos verdadeiramente causar impacto nos outros é transmitindo nossa própria fé simples naquilo que estamos lhes dizendo, nosso simples comprometimento à causa que estamos defendendo.

                                        

 

Somos Árvore

    Se a semente lá estiver, nossa mensagem criará raízes em suas mentes e corações, e nossa própria visão será enxertada na deles. Porém se não houver semente, não haverá descendentes de nossos esforços, não importa quão saborosos sejam nossos frutos.

Somos árvores, vivendo duas vidas de uma só vez. Uma vida irrompendo do solo para este mundo. Onde, com toda nossa força, lutamos para nos elevar acima dele, aproveitar o sol e o orvalho, desesperados para não sermos arrancados pela fúria das tempestades, ou consumidos pelo incêndio.

E há nossas raízes, profundas sob o solo, inabaláveis e serenas. Elas são nossos antigos ancestrais, Avraham, Sara, Yitschac, Rivca, Yaacov, Lea e Rachel. Eles estão dentro de nós, em nosso âmago. Para eles, não há tempestade, não há luta. Existe apenas o Único, o Infinito, para Quem todo o cosmos com todos seus desafios são nada mais que uma fantasia renovada a todos os momentos a partir do vácuo.

Nossa força vem de nosso vínculo com eles, e com seu apoio venceremos a tempestade. Traremos beleza ao mundo no qual fomos plantados

Se o mundo não precisasse de você e você não precisasse deste mundo, você jamais teria vindo para cá. D'us não joga Seu precioso filho na dor desta jornada sem um propósito.

É possível que você não possa ver uma razão. Que poderia vir como nenhuma surpresa - que uma criatura não consiga compreender o plano de seu Criador. Apesar disso, ao final os frutos de seu trabalho desabrocharão para que todos vejam.

Alguns crescem como o trigo do campo, irrompendo do solo e amadurecendo em uma única estação. Mas sua produção é tamanha que deve ser descascada, moída e refinada e amassada e assada, antes de fazer bem ao mundo - e muito pode ser posto de lado.

Outros crescem como a tamareira, que pode amadurecer por setenta anos antes que chegue seu primeiro fruto. Mas é seu fruto que é doce e satisfatório para a mão que o apanha, e todas as partes da palmeira e de seu fruto têm algo de valor a oferecer.

Are e semeie. Os frutos virão.